sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O implorar dos personagens

Tenho, dentro de mim, seres que ainda não conheço e que me imploram para serem colocados para fora, mas os falo, tenham calma, cada um terá sua hora...

O céu noturno

O marco de uma nova fase, o marco de uma nova chance, o marco de um novo estilo ou o marco de um novo Romance?

Observando o negro céu noturno percebi alguns pontos luminosos que davam brilho àquela noite sem luar, eram as estrelas, brilhantes, lindas e inocentes fazendo companhia às imensas e imponentes nuvens que flutuavam por lá. Olhei, sonhei, pensei, refleti e concluí, alguém já percebeu que tudo que se diz mal e perverso, em nossa mente é representado por um imenso escuro? O preto sempre é algo tão macabro que chega a assustar a muitos. Foi nessa imensa fantasia negra em que transformamos nosso medo em que pensei ao olhar o céu naquela noite, ele era tão lindo e ao mesmo tempo tão misterioso cobrindo nossas cabeças com a cor mais repudiada dentre a humanidade. Olhei-o mais uma vez e comecei a me perguntar o porquê de admirá-lo tanto já que conseguia ver meu medo refletido nele. Pensei e vi a luz que me trouxe a resposta, a luz que vinha das estrelas me fez perceber que mesmo tendo o medo refletido naquela imensa janela fixa no alto observava a esperança em cada ponto luminoso que ganhava destaque no meio da escuridão. E foi nessa esperança, mesmo pequena e quase insignificante, que me apeguei e consegui ver a beleza que existia por trás do gigante e misterioso escuro do céu da noite.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Então é Natal...


O toque das 12 badaladas... O uivo suave dos sinos cortando a noite me mostra o fim e o começo. Olho para trás e vejo as migalhas do ser que fui e que passou por gigantes mutações, deixando pelo caminho os vestígios de tudo que já não lhe é conveniente. Percebo que esse é apenas o começo de uma passagem, a ficha caiu, olhei para as luzes brilhantes que iluminam a escuridão da noite e realmente me vi um novo ser depois de quase um ano sem reparar as mudanças. Comemorações, sorrisos, presentes, tudo passa distante de mim, observo tudo com olhos atentos e um aperto no coração por não poder, ou melhor, não conseguir partilhar de tal felicidade. Parece uma eternidade desde o começo desses pensamentos, mas ainda estou na metade das badaladas, ouvindo o sussurro suave dos uivos de uma gigante matilha de lobos, uivos que me soam como música, música que anuncia o fim e o começo de uma nova transformação.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tentando achar o certo...


Alguém já parou para pensar que tudo que fizemos e em que acreditamos até hoje não passou de uma ilusão? Acabo de me pegar pensando nisso. Muitos consideram que certas ações são totalmente um erro, mas como posso ter certeza que o certo é o que muitos pensam, já que outros consideram que o certo é o erro para mim? Como compreender algo que não se possui uma confirmação concreta já que cada ser humano possui uma opinião diferente e os que possuem a mesma opinião não passam de sombras que perseguem seu líder. Não sei ao certo qual o verdadeiro caminho a se trilhar, mas é nessa dúvida que encontro o prazer da vida, pois com ela cometo erros e acertos, aprendendo, assim, com cada tropeço seguindo apenas a mim, sem me considerar apenas mais uma sombra dentre milhares que já existem.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O ser humano

O ser humano costuma complicar coisas que poderiam ser simples, destroem  tudo que demoramos anos para construir, machucam uns aos outros por meio de palavras e mesmo assim são considerados  a raça superior. Acho que é isso que faz de nós seres tão complexos e majestosos, pois os únicos seres que nos dão esses adjetivos são apenas nós mesmos...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

À procura do covarde


- São todos iguais andando robóticos por aí? São homens ou ratos? - Grita o homem. Mas mal sabe ele que mais covarde do que os valentes que por covardia tentam fugir da realidade que desconcerta e destrói o ser é aquele que por covardia de não tentar, se torna valente de enfrentar o mundo inferno que cerca todos nós.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vou me arrepender depois?

Acabo de cometer um dos erros mais certos que já cometi em toda minha vida. Por mágoa quis destruir a pessoa mais importante pra mim em todo mundo, ou uma das, a pessoa pela qual me doaria à morte, a pessoa pela qual meu coração chama e meu cérebro reclama a cada passar de segundo. Peço-te desculpas por tudo que falei e fingi sentir, te peço desculpas pela frieza com a qual te tratei pelo simples fato de não te ter mais pra mim. Me perdoe por tudo o que falei, pois tudo que queria que você ouvisse eram as palavras doces por trás de todo aquele fel que cuspi junto com as letras. Penso melhor assim, livre, voando, seguindo o vento, e é assim que queria que soubesses que hoje considero tudo um erro, desde os pensamentos às ações que tramei contra ti. Acabo de limpar uma lágrima que acabou de pingar no papel, contornando-a com o lápis lembro-me de todos os momentos bons que passei ao teu lado contrastando-os com todas as lágrimas que já rolaram por meu rosto e todos os dias na cama que passei enquanto meu corpo reclamava a perda de teus beijos e chego a uma conclusão: “Nada que eu faça vai me fazer apagar todas as memórias e sentimentos que obtive junto a ti.”  

domingo, 28 de novembro de 2010

As nuvens

Olhe para o céu e observe as nuvens. Elas se acumulam, formam tempestades, inundam e destroem parcelas significativas de nossas vidas e depois vão embora, para continuar o ciclo em outro lugar. Olhe para as nuvens e as compare a algumas pessoas. Achou a semelhança? Pois é, apesar de lindas as nuvens podem ser ameaçadoras...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pra que dizer que te amo?

Só quero agora te ligar pra dizer que te amo. Mas não vejo motivos pra fazer isso se sei que essas três palavras passarão suavemente por seus ouvidos, chegando ao cérebro onde quem habita é o ser ego que possuis dentro de ti. E esse ser se alimentará do meu Amor enquanto ele durar, crescendo cada dia mais, cada vez que descobres que ainda te amo, e no final de tudo me perseguirá como um leão em busca de sua presa. Pra que dizer que te amo se tu sabes que por ti me atiro em frente a uma bala mesmo que já tenhas pedido pra que tu morresses. Pra que dizer que te amo se a cada minuto que estás perto de mim me sinto com as pernas bambas mesmo que já te tenha pedido para ir embora. Pra que dizer que te amo se a cada lembrança de teu sorriso me vejo unida às estrelas. Pra que dizer que te amo se a cada aroma de teu perfume me sinto como se o mundo girasse mesmo que já te tenhas evitado. Pra que dizer que te amo se a cada segundo que te olho pareces me puxar para ti, atraindo meus olhos cada vez mais a encarar teu lindo rosto mesmo que já te tenhas pedido pra não me olhar. Pra que dizer que te amo se dentro de ti tu sabes que isso é verdade e que todas as coisas que já fiz contra ti foram apenas pelo ódio de querer te ter para mim e não ter obtido sucesso.

domingo, 21 de novembro de 2010

Em plena madrugada


Hoje, em plena madrugada, me deparei imóvel, com os olhos fixos, erguidos observando o movimento involuntário das nuvens. Foi nesse momento que percebi que, por alguns minutos, durante aquele breve intervalo de tempo, esqueci de todos os erros e acertos cometidos durante toda minha vida, esqueci de todas as impossibilades que existem e que me impedem de alcançar a felicidade que sempre almejei. Ao olhar o imenso lençol negro que cobria os gigantes prédios que pareciam cair sobre minha cabeça os pensamentos se extinguiram, o que me fez parecer a única pessoa do universo. O vento gélido noturno tocava meu rosto com a gentileza de uma suave pena. Nada parecia me abalar, os sussurros das árvores me pareciam belas canções e nada, além daquela paisagem e seus sons, me parecia importante. Ao lembrar daqueles longos minutos me recordo com saudades da maravilhosa sensação que senti, me recordo daqueles longos minutos e percebo que foram curtos para meu desejo de viver que não foi recompensado...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O tempo

O tempo vai dizer se é melhor continuar na ilusão que eu mesma criei ou no erro que guardei por medo de perder a ilusão...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pensando no fim

Estou pensando seriamente em tomar a coragem mais covarde que um ser humano pode tomar. Mas do que iria abdicar se verdadeiramente deixasse esse desejo tomar conta de meus pensamentos e ações? Abdicaria da vida, e todos seus sofrimentos e também alegrias ou apenas de um paraíso eterno que aprendi a acreditar desde meu nascimento? Ainda não me decidi totalmente em relação a isso graças a essa dúvida que me atormenta cada vez que sinto essa sensação, embora essa não seja a única razão da dúvida. Sei que, apesar de poucas, existem pessoas com quem me importo e que sentiriam verdadeiramente minha falta.
Sabia que a partir do momento em que meu alicerce desmoronasse ficaria no fundo de um buraco escuro e sufocante. Eu mesma, mesmo sem perceber, acabei manobrando as armas para sua derrubada, mas é nas horas de frio e desespero que mais me arrependo do que fiz. Qual seria a melhor opção para mim, sustentar o sofrimento de pessoas que chorariam minha falta ou apenas sustentar meu sofrimento egoísta de saber que não posso me utilizar da covardia que a coragem me traria?

À procura do perdão

Momentos pensando, me excluindo do mundo para ver se um dia eu me enquadro nele. Pergunto-me do que valeu tantos sacrifícios se, no final, tudo acabou sujo e sem razão. Agora percebo que o individualismo não é apenas egoísmo, é uma , apenas uma forma de sobrevivência da razão. Foi pensando menos em mim que acabei onde estou. Fiz o que achava certo no momento e terminei fortalecendo o que considerava um erro. O motivo desse fortalecimento pode, obviamente, ter sido a falta de balanceamento que possuo entre o cérebro e o coração, já que, em grande parte da minha vida, a emoção sempre gritou mais alto ocultando os sussurros de meus pensamentos. Piorei tudo, destruí tudo que já havia sido construído, mas agora não quero começar do zero, preciso continuar ao menos do meio, não do ponto em que tudo foi parado, mas de um ponto pouco anterior a esse, mesmo sabendo que a probabilidade de isso acontecer ser praticamente nula. Só preciso de uma chance para que perceba que minhas desculpas são verdadeiramente sinceras, preciso de uma chance para mostrar que me arrependo amargamente das atitudes que tomei ao pensar exclusivamente em sua felicidade...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A grande peça

Tenho, dentro de mim, personagens opostos formando um grande teatro onde cada uma das figuras aqui presentes tem seu papel principal garantido, cada um em sua vez, formando, assim, uma grande peça cujo palco é a vida e o cenário sou apenas eu.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pensando...

Passam-se dias, horas, segundos, e eu aqui, imóvel no movimento do mundo. Nenhuma palavra, nenhuma palavra sai da minha boca que ficou muda após o tiro que planejei e acabei voltando a arma contra mim mesma...

Sonhando acordada

A cada hora, a cada minuto, a cada fração de segundo, apenas uma imagem consegue preencher meus pensamentos. Tal imagem é tão linda e inspiradora que chega a me fazer perder a linha do raciocínio e esquecer de preencher meus pulmões com o ar que circula por meus cabelos e me traz o cheiro de teu perfume. Nunca pensei voltar a sentir o que estou sentindo hoje, mas é tão bom que, meu Deus, não consigo sentir nem mesmo meus pés. Espero que isso dure, espero que essa sensação dure eternamente...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Parada no tempo


Parei o relógio. Retirei a pilha. Desliguei o celular. Parei o tempo. Desliguei as luzes. Fechei as portas. Apaguei as más memórias. Lembrei de um tempo bom, de momentos raros, sorrisos largos, sinceros, amigos. Respirei fundo, senti aromas doces, retirei o féu da boca, retomei meu alicerce. Pense bem, tente perceber o que é o alicerce que me ergue, o alicerce que ainda me faz andar de pé. Tente perceber e perceba que é você. Não escrevo como se me colocasse em teu lugar, pois nunca tentei ao certo tentar interpretar esse mundo complexo que engloba teus pensamentos, mas sempre tentei interpretar essa complexidade de sentimentos que se chama amizade e que faz com que hoje você seja uma das pessoas mais importantes para o meu progresso. Não sei ao certo como me tornei tão dependente de teus conselhos ou até da tua felicidade, mas espero que essa dependência dure para sempre, pois sem meu alicerce eu desmorono e do pó nunca me reconstruirei da mesma forma que antes.
Respirei fundo, reativei o relógio, religuei o celular, fiz o tempo voltar a funcionar, acendi as luzes, abri as portas, relembrei as más memórias e mesmo assim, apesar de tudo ter voltado ao seu estado monótono e perturbador de sempre, sinto que nada foi alterado e ainda não posso viver sem minha pilastra principal.


Para S.E.

Frase


Só uma frase. Só preciso de uma frase, mas as frases que escrevo não são perfeitas para exprimir a imperfeição que vejo na perfeição de meus erros imperfeitos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Personagens presos na realidade


Frases
Pensamentos livres e soltos, imaginação ao leve embalo do vento. Vejo??? – esqueci!
M.R.J.
Vultos formados pelo vento me fazem perceber o quanto de vida perdi.
I.T.
Como uma partitura musical, eu levemente viajo na música.
M.R.J.
Era pra ser na cara.
K.
À meia-luz, coberta pelas luzes de imensos faróis suspensos.
I.T.
O homem ambulatório, ou seja, vagabundo, acabou por vir conosco.
A.J.
Mas todos aqueles lombradas e lombrados não percebiam que, à luz de Deus, eram só mais alguns fracassados.
L.
Fulgência de luzes no Marco Zero. As pessoas na positividade, deitadas, sentadas, rindo, como naqueles vídeos antigos, em que os adolescentes da época se divertiam.
M.R.J.
Um circo. Todos parecem palhaços, rindo um da cara do outro, falando coisas sem sentido. Frank falando merdas.
M.R.J.
Na frente de um teatro, os personagens fogem da peça e se inserem na realidade, correndo na noite, em meio aos adolescentes insanos.
M.R.J.
Tomando decisões sãs em momentos de pura loucura.
I.T.
Vivendo a adolescência como deve ser vivida.
M.R.J.
Pequenos e leves, os anzóis me fisgam e tentam me puxar para um mundo que não estou. Um mundo que eu vivi durante anos e que agora me parece estranho.
M.R.J.
Presa numa cela imaginária me vejo em um simples momento de banho de Sol, curtindo os poucos minutos de liberdade que me restam.
I.T.
Como em uma praia, deitado na areia, escuto o som das ondas indo e vindo, como minha própria realidade, que não me deixa fugir.
M.R.J.
Tristes e deprimidos, todos agora parecem lamentar a ida para casa. Agora parece muito pior, ficando para trás toda aquela diversão, toda aquela diversão, toda aquela felicidade. Tudo se esvai.
M.R.J.
Eu sou a líder, meu irmão, do bando!
É o Mirabilombra!
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk = Eu ri!Quer troco pra quanto? É bom demais!
K.

Apenas mais um delírio


Percorrendo tuneis criados pelo tempo, vultuosas lembranças criaram vida na gigante tela que minha imaginação formou em minha mente. Imagens gigantes, coloridas, se formaram em minha frente e me vi maravilhada com tamanha magnitude. Pessoas surgiam e sumiam como fumaça espalhada pelo vento. Foi na hora em que percebi qual a figura se formava com maior freqüência em minha frente. Olhos tão bem conhecidos agora me olhavam fixos e ao tentar tocá-los desmanchei a imagem que tanto queria tocar. Ao perceber que tudo não passou de ilusão me lancei numa procura desesperada pela ligação entre pensamentos e realidade, busquei desesperadamente por uma maneira de tirar você de meus sonhos e te colocar na realidade, mas não deu, a fumaça voou e você se foi junto a ela, apagando todas as oportunidades que um dia eu tive e deixei pelo caminho.

Luta pela liberdade

Paralisado pelo medo causado pelos vultos do passado. Em frente a meus olhos fixos em um ponto imaginário milhares de lembranças correm me mostrando quem fui e a possível chance de fazer do meu presente algo totalmente diferente, chances perdidas que sei que jamais voltarão. Sinto o vento tocar meu rosto, sinto tudo em movimento em torno de meu corpo imóvel. Lágrimas escorrem de meus olhos e percebo que meu corpo não consegue comportar mais minha alma, que a qualquer momento ele pode romper e a deixar fugir, mas sei que ela não consegue. Preciso ajudá-la a conquistar a liberdade, preciso me livrar da única barreira que ainda a mantém em cárcere. E foi com o pensamento fixo em meu objetivo que tentei, lutei por sua liberdade, mas minha luta foi falha e sei que foi melhor assim, a única dúvida é: Será que foi melhor para mim?



Para M.R.

sábado, 9 de outubro de 2010

Sanidade insana


Tomei decisões importantes, vivi sã e agora me encontro em um momento de delírio, ou posso dizer que vivi no delírio e agora, por um momento, me encontro sã?! No centro do mundo, único ser imóvel em meio a um tornado de movimentos, tudo se via, tudo se ouvia. Ventos barulhentos se alto desenhavam ondulados na luz do negro céu, faróis suspensos me informavam que estava em um porto seguro. A paisagem dos coqueiros movidos pelos ventos ondulatórios me lembrava uma pintura antiga, contrastantes cores me enchiam os olhos, o ar doce que soprava a cada segundo limpava meus pulmões já manchados, a leveza de meus passos espelhava o voar da minha alma que tanto ansiava por sobrevoar meu corpo impuro.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amar


Fechei os olhos para não te ver
E a minha boca para não dizer
E dos meus olhos fechados
Desceram lágrimas que não enxuguei
E da minha boca fechada nasceram sussurros
E palavras mudas que te dediquei

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana

sábado, 25 de setembro de 2010

Confissões


Nada no mundo consegue absorver minha dor, coisa alguma consegue retirá-la de mim, nem as lágrimas conseguem amenizar o que sinto e começo a me perguntar se a morte não é a melhor alternativa. Traí a mim mesma por um ideal que não era meu e agora me afogo numa sepultura que eu mesma cavei para mim, que eu mesma cavei com a intenção de sepultar meu passado, mas acabei por enterrar todos os tempos de minha vida, incluindo o futuro. A dor no peito umedeci meus olhos, meu rosto, minha vida. Tudo que há em mim fica imerso em lágrimas que não mereciam ser derramadas, que são tão puras quanto o olhar de uma criança, mas que o motivo de seu derramamento é tão podre como uma carne em putrefação. Choro por algo que não devia chorar, choro por algo que lágrima alguma resolverá, que nada fará voltar, que de mim, a vida, fez questão de arrancar e mesmo assim não me controlo e um grito arranha minha garganta como um cristal cortando o vidro. Escuto o canto suave dos pássaros, como queria ser como eles, viver livre, cantando, voando, vivendo. Olho ao redor e procuro desesperadamente por algo que perdi, mas não me recordo o que foi perdido. E num momento de razão percebo que nada perdi, apenas deixei de ganhar algo que sempre pensei pertencer a mim.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vivendo na morte


Passos descoordenados num caminho obscuro, olhos focados num ponto se luz e a falta de esperança preenchendo um dos muitos espaços vazios que existem dentro de mim. O tempo agiu como anestésico e diante de situações que antes me causavam dor intença nada mais sinto, nada mais enxergo, nehuma reação é expressa em momentos que deveriam ser tão angustiante. Talvez, sem perceber, tenha fechado meus olhos e como cosequência meu cérebro também se desligara de um órgão que agora parou de bater. O sangue gélido que agora corre em minhas veias se move sozinho, sem um impulsor, e mesmo indo contra todas as leis da medicina a vida e a morte agora cainha juntas a mim.

sábado, 11 de setembro de 2010

Tentado ressuscitar


Meus pensamentos não me pertencem mais, tudo que penso ou que faço não sou eu quem está fazendo, é um ser estranho e nunca antes visto, um ser que me assusta e que ao mesmo tempo me causa fascinação. Pessoas acham que estou melhor, mas esse deve ser apenas mais um sintoma da doença que me mata dia após dia. Um sorriso estampa meu rosto a cada segundo que passa, mas uma enorme ferida me causa dores insuportáveis e me tira o ar dos pulmões. Não me considero uma pessoa de fases, me considero um ser morto, que tenta reviver,mas que a cada tentativa falha e traz novamente à tona o ser assustador e despresível que me domina a cada passo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Tentando sobreviver


Acontecimentos marcaram minha vida, acontecimentos que causaram um tumulto enlouquecedor em meus pensamentos. Escuto milhões de vozes em minha cabeça, cada uma me mandando fazer algo diferente e preciso escolher a qual delas dar razão. Estou juntando os cacos que o furacão deixou espalhados em locais totalmente inexplorados, locais que nunca pensei um dia pisar. Meus olhos não parecem mais serem meus, meus ouvidos não escutam mais da mesma forma e meu cérebro não consegue mais reagir da mesma maneira. Estou tentando me encontrar em cada olhar perdido, em cada sussurro que me parece familiar, mas até agora meus esforços foram em vão. Meu corpo parece ter sido separado da minha mente, da minha alma. Minhas ações não são mais planejadas, meus impulsos são mais fortes do que a razão que antes me dominava. A cada ação percebo que o meu verdadeiro eu está se esvaindo e no lugar dele alguém que apenas ouvi falar se instalou e não pretende sair. Espero um dia conseguir me encontrar verdadeiramente, juntar os cacos ao pisar no inexplorável e conseguir ser eu mesma novamente, conseguir viver com um sentido na vida, conseguir viver e não apenas existir.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Luta contra o vício


A dor da abstinência passou, o vício se foi mesmo depois da volta ao uso da droga. Sinto que ela não faz mais efeito em mim, ou melhor, ainda faz efeito, mas não o mesmo de antes e já consigo sobreviver sem ela. Quem dera essa ser uma droga química, é uma droga emocional e é pior de todas. Passo dias pensando em retornar ao vício e ao mesmo tempo pensando em parar com ele, sei que posso viver sem voltar a prová-la, mas me sinto bem quando o faço. Agora sinto como se o ar faltasse em meus pulmões, algo seco e sufocante está no lugar do oxigênio e mesmo assim meu coração ainda parou de bater por causa da asfixia. No meu peito sinto uma dor enorme, não consigo descrever como estou me sentindo no momento, até as vozes dos meus pensamentos me causam confusão. Preciso tomar uma decisão urgentemente, mas não sei o caminho que devo decidir. A comodidade me fez seguir uma rotina, e tenho que acabar com ela, mudar tudo que existe para poder reorganizar de uma maneira que preencha todos os espaços vazios.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Resultados


Evitei pensar porque achava ser errado, mas quando dei por mim meus pensamentos já se tornavam palavras. Evitei falar porque considerava minhas palavras um erro e quando dei por mim minhas palavras já haviam se tornado ações. E dessas ações nasceram frutos, frutos espinhosos e amargos que de nada serviam ocupando apenas espaço e causando dor. Foram esses deslizes que fizeram com que o inesperado acontecesse, foram nesses deslizes que senti uma das melhores sensações da minha vida seguida pelos piores sentimentos que um ser humano pode ter. Foi tudo tão rápido que mal percebi que o tempo passava e abria feridas que nunca haviam sido abertas. As feridas saram aos poucos, mas ainda me restam cicatrizes que incomodam muito. Em dias como esse, basta um olhar ou uma palavra que as cicatrizes se tornam novamente feridas. Agora elas estão abertas e me machucando, mas tenho que agüentar, ao menos por enquanto, me viciei em sentir dor e não consigo passar um dia sem relembrar fatos que me matam aos poucos. E ao pensar que tudo começou por um simples pensamento e por causa da falta de força de vontade percebo que sou apenas resido do que um dia já fui.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Desabafo


Foi de tanto pensar que acabei me afundando em meus pensamentos, e de tanto me afundar em meus pensamentos perdi o elo com a realidade. Mesmo não sendo mais a mesma, mesmo agindo e pensando diferente, quando lembro do que era resolvo mudar e tentar retornar ao passado, mas algo mais forte do que minha vontade me mantém no mesmo ponto, imóvel e sem vontade de continuar. Agora estou tentando pensar nas escolhas que tenho que fazer, pois as minhas últimas não foram pensadas, agi por impulso e acabei machucando a mim mesma. Agora, mais racional, resolvi que não posso mais ser o que agora sou, tenho que ser o que é melhor para mim, ou melhor, tenho que ser o que é melhor para o resto do mundo. Minhas mãos estão pesadas, não escrevo com tanta facilidade quanto anteriormente, mas tenho que continuar, alguém tem que saber o que se passa em minha cabeça, mesmo que esse alguém não consiga entender o que realmente quero dizer.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Crise de abstinência

Palavras sumiram da minha cabeça, tudo é tão vago, nada pode ser descrito, nada pode ser observado com tanto barulho. Em minha cabeça escuto milhões de vozes e não consigo decifrar nenhuma delas. Preciso escrever, preciso pensar, preciso respirar. Meu Deus, até quando isso vai durar? Até minhas palavras foram roubadas, nada é a mesma coisa, tudo é nada e nada é tudo. Confusão, apenas isso. Não sei se devo pensar que enlouqueci ou se não devo pensar e deixar de existir. Minhas mãos tremem, sinto frio, suo frio e não sei o motivo. Um cansaço me tomou o corpo e a mente, não sou mais a mesma, não sei onde posso me encontrar novamente. Sozinha ao pensar na vida resolvi que não quero mais o que antes tanto queria, mas como posso ter tanta certeza de que não quero se ainda não me deparei com o que antes almejava novamente. Um nó começa a se formar em minha garganta, um nó se forma em minha mente, mas mesmo assim ainda consigo lembrar de tudo o que vivi, dos lugares por onde passei e do que senti. Preciso pensar, preciso pensar, mas como pensar se o combustível dos meus pensamentos não me pertencem mais?

Agora as palavras se alinham mais, esse deve ser mais um dos sintomas da abstinência. Tantas vezes tentei acabar com o vício, mas ele sempre me enganava e me fazia ficar. Fiquei, me viciei e depois, ele se foi. Agora aqui estou, mais uma viciada em tratamento, com uma crise de abstinência insuportável, à beira da loucura, mas que ainda assim consegue a superação com o passar dos segundos. É nessas horas, quando a dor é mais forte que a força de vontade que penso em desistir de meus objetivos, mas ainda assim sinto que preciso continuar e continuo, e sofro, e continuo mais ainda.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mais um dia

Acordei e não me senti dentro do corpo. A cada passo que dava, a cada respiração dolorida sentia que não pertencia ao mundo em que me encontro. O ar que circulava por meus cabelos e entrava em meus pulmões não tinha o mesmo cheiro, era totalmente desconhecido, e eu me perguntava o porquê daquilo estar acontecendo já que aquela parecia ser minha casa, ao menos superficialmente. Percebi que os últimos acontecimentos me mudaram, já não me sinto a mesma, não pareço a mesma, meus olhos não tem mais o mesmo brilho, meus braços agora possuem marcas e uma palidez que antes não percebia ter tomou meu rosto. Meu corpo agora possui um vácuo em seu interior, sou apenas uma casca com memórias que insistem em relembrar fatos que me destroem mais ainda, uma casca que apenas tenta manter as aparências, mas que a cada tentativa falha e demonstra os cacos que agora já são mostrados por fora. Não sinto fome, não sinto sede, não sinto necessidade de mais nada, tudo parece ter perdido o sentido e não tenho forças para conseguir encontrá-lo. É impossível esquecer tudo que aconteceu se a cada segundo que passa, a cada palavra que escuto, tudo me faz lembrar algo, qualquer som, qualquer música me parece familiar e nem meus pés conseguem me responder quando as lembranças vem e os olhos parecem querer chorar. Ontem eu parecia tão forte, quase nada conseguia me abalar, até conseguia sorrir, mas hoje, nem o choro pode me consolar, pois ele já não chega a derramar lágrimas, apenas choro por dentro e isso dói, me machuca muito e não consigo me livrar disso. Nada me distrai, nada me preenche, tudo é vazio e o tudo agora é nada. Não sinto medo, não sinto saudades, não sinto alegria, nem sei se o que sinto na verdade é tristeza, só sei que dói e a vida parece ter deixado de existir.

domingo, 25 de julho de 2010

Estátua

Estátua, me sinto apenas isso, uma estátua oca, sem nada por dentro, com uma superfície normal, e até parecendo perfeita aos olhos de alguns, mas nada além disso. Aos poucos fui perdendo quem era pra me tornar o que sou hoje, mas se me perguntam quem verdadeiramente sou, sinceramente, não sei a resposta. A vida é formada de mudanças, mas preferia tê-la do jeito que sempre foi, sem riscos e principalmente sem erros. Ideais se multiplicam em minha cabeça, mas não sei por qual deles devo lutar. Estou confusa, cansada, abatida, em poucos segundos meu mundo desmoronou e estou tentando conviver com as ruínas, mas é difícil. Ainda acho minha reação totalmente inesperada, não pensei que uma brincadeira poderia se tornar algo tão sério e significativo pra mim, mas se tornou. Se pudesse voltar no tempo, fazer escolhas que antes não quis, desfazer algumas e tomar caminhos totalmente opostos dos que resolvi tomar. Agora não tenho porque controlar minhas palavras, não tenho razão pra me preocupar em magoar ninguém, as palavras podem sair sem controle, sendo apenas elas, eu e a tristeza. Ontem escutei alguém que me mandava transformar essas palavras em frases alegres, mas como posso passar alegria quando não consigo tê-la? Não posso dizer que vivi apenas momentos tristes, isso não é verdade, muitos dos dias da minha vida foram alegres, e eu não tinha me dado conta do quanto eles me faziam bem, até perdê-los. Não consigo mais chorar, provavelmente as lágrimas secaram, o que é horrível pra mim no momento, pois ainda tenho muito pra colocar para fora, mas como posso arrancar o que está me matando se não por meio de lágrimas. Ainda sinto queimar as marcas feitas por mim em meus pulsos, marcas que não são profundas, já que a covardia não me deixou terminar com o que comecei. Não creio que ficarão cicatrizes em minha pele, a dor será momentânea, logo a ferida provocada por aquela faca sarará, mas as feridas provocadas por palavras e ações, essas nunca sumirão e doerão para sempre a cada sussurrar do vento, me lembrando que a chuva passou, destruiu tudo pelo caminho e agora assisti de fora os estragos que fez e a minha luta por reconstruir o que ainda serve para alguma coisa.