sábado, 25 de setembro de 2010

Confissões


Nada no mundo consegue absorver minha dor, coisa alguma consegue retirá-la de mim, nem as lágrimas conseguem amenizar o que sinto e começo a me perguntar se a morte não é a melhor alternativa. Traí a mim mesma por um ideal que não era meu e agora me afogo numa sepultura que eu mesma cavei para mim, que eu mesma cavei com a intenção de sepultar meu passado, mas acabei por enterrar todos os tempos de minha vida, incluindo o futuro. A dor no peito umedeci meus olhos, meu rosto, minha vida. Tudo que há em mim fica imerso em lágrimas que não mereciam ser derramadas, que são tão puras quanto o olhar de uma criança, mas que o motivo de seu derramamento é tão podre como uma carne em putrefação. Choro por algo que não devia chorar, choro por algo que lágrima alguma resolverá, que nada fará voltar, que de mim, a vida, fez questão de arrancar e mesmo assim não me controlo e um grito arranha minha garganta como um cristal cortando o vidro. Escuto o canto suave dos pássaros, como queria ser como eles, viver livre, cantando, voando, vivendo. Olho ao redor e procuro desesperadamente por algo que perdi, mas não me recordo o que foi perdido. E num momento de razão percebo que nada perdi, apenas deixei de ganhar algo que sempre pensei pertencer a mim.

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