sábado, 30 de abril de 2011

Ao fechar os olhos

Acho que, agora sim, estou sozinha. Olho ao meu redor e não vejo ninguém, ao menos ninguém sem interesses próprios. Não gosto de me sentir como estou, mas se tudo me encaminha a este estado, como posso evitar? Fecho os olhos e apenas um rosto me vem ao pensamento. Fecho os olhos e não quero mais abri-los, pois me encontro no mundo dos meus sonhos. Fecho os olhos e vejo claramente os teus, num tom castanho escuro, gentis, curvando-se lentamente ao acompanhar teu sorriso. Fecho os olhos e observo tua boca num rosa avermelhado que contrastava com tua pele em leve tom de mostarda, sorrindo pra mim, curvando-se lentamente e abrindo uma pequena fresta que se fechou rapidamente numa tentativa falha de dizer “eu te amo”, pois os olhos que acompanhavam o sorriso já haviam transmitido o recado. Fecho os olhos, mas não, não quero mais abri-los, que o resto do mundo se acabe em chamas, mas se ao menos me deixassem os olhos fechados para te ver novamente viveria às cegas, mas sempre sorrindo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A cláusula

Siga em frente, aconselho a todos com a mesma frase, sigam em frente. O que estou fazendo? Oriento a todos a fazer o que jamais tive a capacidade de ao menos iniciar numa tentativa. A todo segundo olho pra trás, penso em situações passadas ou nas que poderiam ter sido passadas se eu tivesse dado chance para tais acontecimentos. Medíocre, pensamento medíocre esse, não posso agir da maneira que mais repudio, dando conselhos sem segui-los. A tempos não escrevo nada, ou melhor, escrevo mas aqueles textos são apenas pra mim, não poderia dividi-los com quem quer que seja, e agora, quando me vejo capacitada (ou não) para escrever algo suficientemente enquadrado no que desejo escrevo isto. Quando conseguirei amadurecer suficientemente para lhe dar com frustrações? A vida é feita de aprendizados, mas nenhum deles me serviu, e os que me serviram fizeram com que me tornasse algo frio, não um ser humano. Gostaria de culpar a alguém pelo acontecido, mas não há culpados além de mim, permiti que algo se instalasse em minha vida, e, consequentemente, não posso culpar tal coisa pelo meu estado atual, minha permissão foi como um contrato cuja cláusula foi aguentar as consequências que vieram após a desinstalação do produto utilizado.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lembranças cheirando à tinta fresca

Ando por aí nas ruas, sozinha, cabeça baixa, os óculos escuros não são para o sol, é para esconder o olhar vazio que se perde ao se prender aos lugares que estão pintados das lembranças que cheiram a tinta fresca. Ando, fico andando por aí à toa, nem sempre em frente, mas em busca de uma resposta para esse coração que insiste em bater. Ando para tentar esquecer uma face, para doar ao vento uma difícil tarefa de levar o teu cheiro que ainda insiste em tomar conta de mim. Mas como se dar um passo à frente quando se está amarrado à vontade de ficar?
Vou a lugares diferentes e mesmo assim ainda encontro coisas que me fazem lembrar você, tento buscar na imensidão do mar alguma resposta, mas o mar é tão intenso que as respostas desaparecem junto com as ondas.
Se vou ao cinema, se olho o céu, se uso aquela roupa, se leio um livro, se estou só sem ninguém para me aperrear, lembro apenas de você. Até mesmo quem me vê sorrindo sabe que estou sentindo sua falta.
Você deveria mudar-se para bem longe, Paris, Xangai, Moscou ou qualquer outro lugar que levasse consigo todo perfume e as cores dessa cidade... O parque, o shopping e todos os outros lugares que pisamos juntos, que soltamos palavras de um futuro que não chegou. Ou melhor, talvez eu deva ir embora, e deixar tudo aqui no seu devido lugar, afinal de contas os incomodados que se mudem, lá não haveria lembranças nas ruas, quem sabe eu tiraria os óculos e meu olhar se soltaria, se prenderia a um novo encantamento, novamente fugiria e só assim entenderia que um verdadeiro amor não se esquece, sabemos onde começou mas só Deus sabe onde termina. Me sinto como se não existisse um coração dentro de mim ou talvez seja a certeza de que ninguém além de você possa preenchê-lo.
Por: Francielle Teles

terça-feira, 12 de abril de 2011

Adiante meus irmãos

Vamos adiante meus irmãos, vamos nos alimentar das mentiras mais bem acreditadas que o mundo já produziu. Alimentemo-nos e passemos adiante as farsas que nutrem nossos rostos de olhares vazios.

domingo, 3 de abril de 2011

Fétida mediocridade da sociedade


Ontem, durante uma inocente discussão em uma amigável reunião familiar senti meu cérebro ferver tentando comportar milhares de frases de uma opinião que há tempos é expressa, mas sem aceitação alguma. Tal discussão tratava da ida de um jovem a outro país para aprimorar seus conhecimentos no idioma local, e esse jovem recebeu vários elogios da parte da pessoa que citou sua futura viagem. No mesmo segundo me veio à cabeça a seguinte pergunta: “E se ao invés de um jovem fosse uma jovem?” Tenho que admitir, esta interrogação não passou de mero pensamento, cuspi as palavras num tom cuja revolta atravessava cada letra alí exposta. E a resposta já me era esperada, com a mudança do sexo mudariam também as opiniões, aquela jovem estaria louca, ou simplesmente estaria entregue ao mundo dos libertinos pelo simples fato de correr atrás de seu sucesso. Pergunto-me como o cérebro mais desenvolvido dentre os animais pode comportar pensamento tão retrógrado, e, por mais absurdo que seja, essa imposição por parte dessa medíocre sociedade é aceita sem praticamente nenhuma manifestação contra o processo de retrocesso mundial. Não sou nenhuma libertária, minha intenção não é criar o caos mundial fazendo com que homens e mulheres possam prostitur-se sem problema algum, apenas desejo um mundo melhor, onde o homem possa possuir a mesma moral que a mulher é obrigada a ter. Ainda chego a escutar mulheres à espera de seu príncipe encantado, trocando seu sexo e submissão por uma vida estável sem preconceitos por parte do resto mundo, pra mim são meras prostitutas que em troca de dinheiro vendem-se a um casamento onde o “amor” nascerá em seguida. Imploro que pensemos no que estamos fazendo com o mundo, aceitamos situações pré-estabelecidas pelo comodismo e nos tornamos apenas meras marionetes dessa fétida população mundial que deseja englobar o mundo em suas morais já falhas pelo simples fato do medo que alguns possuem em perder suas regalias.