quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lembranças cheirando à tinta fresca

Ando por aí nas ruas, sozinha, cabeça baixa, os óculos escuros não são para o sol, é para esconder o olhar vazio que se perde ao se prender aos lugares que estão pintados das lembranças que cheiram a tinta fresca. Ando, fico andando por aí à toa, nem sempre em frente, mas em busca de uma resposta para esse coração que insiste em bater. Ando para tentar esquecer uma face, para doar ao vento uma difícil tarefa de levar o teu cheiro que ainda insiste em tomar conta de mim. Mas como se dar um passo à frente quando se está amarrado à vontade de ficar?
Vou a lugares diferentes e mesmo assim ainda encontro coisas que me fazem lembrar você, tento buscar na imensidão do mar alguma resposta, mas o mar é tão intenso que as respostas desaparecem junto com as ondas.
Se vou ao cinema, se olho o céu, se uso aquela roupa, se leio um livro, se estou só sem ninguém para me aperrear, lembro apenas de você. Até mesmo quem me vê sorrindo sabe que estou sentindo sua falta.
Você deveria mudar-se para bem longe, Paris, Xangai, Moscou ou qualquer outro lugar que levasse consigo todo perfume e as cores dessa cidade... O parque, o shopping e todos os outros lugares que pisamos juntos, que soltamos palavras de um futuro que não chegou. Ou melhor, talvez eu deva ir embora, e deixar tudo aqui no seu devido lugar, afinal de contas os incomodados que se mudem, lá não haveria lembranças nas ruas, quem sabe eu tiraria os óculos e meu olhar se soltaria, se prenderia a um novo encantamento, novamente fugiria e só assim entenderia que um verdadeiro amor não se esquece, sabemos onde começou mas só Deus sabe onde termina. Me sinto como se não existisse um coração dentro de mim ou talvez seja a certeza de que ninguém além de você possa preenchê-lo.
Por: Francielle Teles

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