quarta-feira, 1 de junho de 2011

Felicidade conformista


Fizeram-me um pedido, que eu continuasse a escrever.  Há tempos não escrevo, não consigo. Talvez o motivo de tal interrupção da escrita seja devido ao bom e monótono estado em que se encontra minha vida, ou simplesmente aconteceu graças ao contínuo uso de medicamentos no decorrer da semana passada, que me deixaram pouco mais lenta do que o normal. Passei a manhã pensando se foi uma boa escolha me contentar com uma felicidade conformista, onde agradeço pelo que tenho, mesmo que o vazio ainda insista em permanecer em meu peito. Escrevia como pratico a respiração, com tamanha suavidade e familiaridade que em vários momentos a mão traçava, sozinha, cada letra que rabiscava no papel. Hoje as palavras já me fogem ao pensamento, sinto um peso enorme ao tentar retratar cada sentimento que me compõe, e mesmo assim, com tamanha dificuldade, uma falsa paz de espírito me cerca quase que 24 horas por dia. Não posso fingir que me sinto mal, não estou triste, mas também não posso me considerar alegre, sinto falta de algo, algo que possa preencher o vazio que me sufoca durante as 24 horas de paz. Pensei, pensei e simplesmente, durante tantas horas dessa manhã de pensamentos, a cada segundo, chegava apenas a uma única conclusão, tal pedaço faltante nunca chegará a ser completamente preenchido, nunca estarei satisfeita com nada, mas se para alcançar ao menos uma boa parcela do que me falta o preço seja a paz que agora sinto, não hesitarei em pagar, pois a paz que estou a sentir não é suficientemente forte para realizar-me, não tão forte quanto o complemento que me arrancaram para substituir por ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário